Essa é uma pergunta clássica que desfecha na condenação de Jesus. Mas, indo um pouco além da letra na busca de compreender um pouquinho melhor essa situação, podemos nos perguntar: esse povo que estava presente no julgamento que clamava pela condenação, não era o mesmo que a bem pouco tempo teria aclamado Jesus na sua entrada triunfal em Jerusalém? Será que o povo judeu mudou de lado em questão de horas, ou estaria esse povo dividido em opiniões?
Bem, boa parte do povo judeu, tinha relações de dependência com o templo, centro econômico-religioso da época, do qual Jesus fez fortes acusações, criticando o modo dominante, opressor de seu uso. Essa parcela da população poderia ter interesse sim na sua morte, pois dependia do templo para sua sobrevivência.
Outra situação verificada nesse cenário é a forte influência ideológica do poder imperial sobre o cotidiano das pessoas, o modo de pensar, agir, construindo uma mentalidade favorável a alienação. Apresentando Jesus como baderneiro, beberrão..., do contra, etc. na tentativa de desmoralizar suas ações.
É importante que essa situação seja pensada com profunda reflexão, a fim de superar uma possível ideia de que o povo seria responsável pela morte de Jesus e esquecer de seu caráter de perseguição político-religiosa.
Jesus, um líder que despertava nas pessoas o desejo de justiça, de partilha, solidariedade, acolhimento, fé em Deus e em si mesmo, na organização popular, que punha em questão o poder estabelecido por aquele modelo de sociedade; esse homem representava perigo, tanto para os grupos religiosos, que temiam perder seus privilégios, quanto para o lideres políticos, que da mesma forma temiam por uma reação rebelde do povo.
Naquele contexto, Jesus representava uma ameaça bem mais perigosa do que Barrabás, que defendia a resistência armada contra o império romano. Jesus tinha a adesão das pessoas, das multidões pela consciência, pela descoberta de valores que representavam um outro sentido para a vida, para a sociedade como um todo. “meu reino não é deste mundo”. Ou seja, os fundamentos que baseiam o “Reino de Deus” são contrários aquele mundo vivenciado e defendido pelo império romano.
Por sua prática, por defender a vida, por denunciar a opressão contra os mais fracos, por apresentar um novo jeito de ver a vida, Jesus foi assassinado. Negar a realidade, o duro contexto sócio-político e religioso que Jesus teve que enfrentar, enfatizando apenas um olhar piedoso, fundamentalista é estreitar o significado da presença de Jesus em nosso meio.
Que Jesus seja nossa eterna fonte de sabedoria e exemplo. Que sua luz divina esteja no horizonte de nossa vida.
Feliz Páscoa!!!
sexta-feira, 2 de abril de 2010
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